O termo Demência relaciona-se a um número variado de enfermidades neurodegenerativas que apresentam características comuns entre si, mas com peculiaridades distintas entre elas. Em geral, são caracterizadas pela perda da cognição, ou seja, perda das nossas habilidades, como memória, concentração, localização visuespacial, entre outras. A doença de Alzheimer e dos corpos de Lewy, que já falamos aqui, são algumas delas. Hoje, trataremos da chamada Demência Fronto-Temporal (DFT).

A Demência Fronto-Temporal, em particular, é uma doença de início lento, cujos sintomas iniciais aparecem entre os 45 e 65 anos de idade, mas podem começar mais cedo ou mais tarde. É uma doença relativamente infrequente, mas que causa significativas repercussões na vida dos pacientes (que muitas vezes ainda estão em idade economicamente ativa) e seus familiares.

Ao contrário de outras demências, mais destrutivas à memória, a DFT pode começar com uma depressão tardia, seguida de alterações comportamentais que podem soar estranhas, num primeiro momento, aos familiares. Comportamentos bizarros, desinibição, negligência com os cuidados pessoais e de higiene, desatenção, impulsividade, agressividade, exageros alimentares, além de distúrbios cognitivos e problemas com a memória (mais evidente na fase final da doença), hiperoralidade (retorno à fase oral, induzindo o indivíduo a colocar na boca qualquer coisa que pega), flutuação de humor e alterações da fala.

O diagnóstico é clínico e realizado para reconhecer os sintomas da doença, tais como desinibição, impulsividade, negligência com a higiene, dificuldade para resolver problemas, agressividade, depressão, sentimentalismo exagerado.

Segundo esses critérios, com a evolução da doença, outros sinais importantes para o diagnóstico se manifestam. Entre eles, o controle dos esfíncteres, mudança de hábitos alimentares, consumo exagerado de tabaco e de álcool, mesmo em pessoas que jamais foram tabagistas ou beberam demais. Em geral, o último sintoma que aparece é alteração da memória. O comprometimento da fala é outro aspecto importante da DFT.

Diversos centros de pesquisa ao redor do mundo tem se esforçado para encontrar medicamentos para tratar essa afecção, mas ainda estão em fase de estudos.

Apesar disso, há medicamentos que podem ajudar nos sintomas da doença, com melhora da qualidade de vida dos pacientes e seus cuidadores. Se um paciente apresenta quadro depressivo, são indicados medicamentos como Escitalopram ou Sertralina por tempo limitado e observa-se a reação. Os neurolépticos, como Quetiapina, ajudam a inibir a agressividade e a impulsividade.